Saúde, Saúde e bem-estar, saúde mental

Meditação: mudanças significativas na estrutura do cérebro

A meditação, uma prática milenar, tem ganhado crescente atenção da comunidade científica nas últimas décadas devido aos seus profundos efeitos na mente e no corpo. Diversos estudos científicos têm demonstrado que a meditação não só melhora a saúde mental e física, mas também pode alterar a estrutura e o funcionamento do cérebro. 

Este artigo revisa a literatura científica sobre como e onde a meditação impacta o cérebro, os benefícios associados e seu papel na promoção do autoconhecimento e da consciência.

Alterações na Estrutura Cerebral

Pesquisas utilizando técnicas de neuroimagem, como a ressonância magnética (MRI), têm revelado mudanças significativas na estrutura do cérebro em praticantes de meditação. Um estudo seminal conduzido por Sara Lazar e colegas da Harvard Medical School identificou que a meditação de atenção plena (mindfulness) está associada a um aumento na espessura cortical em áreas relacionadas à atenção e ao processamento sensorial, como o córtex pré-frontal e a ínsula anterior .

Outro estudo realizado por Eileen Luders e colegas na Universidade da Califórnia, Los Angeles, encontrou que praticantes de meditação de longa data apresentam maiores volumes de massa cinzenta no hipocampo, uma região crucial para a memória e a aprendizagem, e em áreas do cérebro relacionadas à autorregulação emocional . Essas descobertas sugerem que a meditação pode levar a uma neuroplasticidade positiva, melhorando a capacidade do cérebro de se adaptar e responder ao ambiente.

Entre as principais descobertas estão:

  1. Aumento da Espessura do Córtex Pré-Frontal: Estudos mostram que meditadores experientes apresentam maior espessura cortical nesta região, associada ao planejamento, tomada de decisões e regulação emocional (Lazar et al., 2005).
  2. Crescimento do Hipocampo: O hipocampo, crucial para a memória e aprendizagem, também é positivamente impactado. Hölzel et al. (2011) identificaram um aumento na densidade da matéria cinzenta no hipocampo após um programa de meditação mindfulness de oito semanas.
  3. Redução da Amígdala: A prática de meditação pode levar à diminuição do volume da amígdala, uma região ligada à resposta ao estresse e emoções negativas (Taren et al., 2013). Essa redução está correlacionada com uma menor reatividade ao estresse.

Alterações no Funcionamento Cerebral

Além das mudanças estruturais, a meditação também influencia o funcionamento do cérebro. Estudos de eletroencefalografia (EEG) e ressonância magnética funcional (fMRI) têm mostrado que a prática regular de meditação aumenta a atividade nas redes de atenção e reduz a atividade nas redes associadas ao pensamento autorreferencial e à ruminação, como a rede de modo padrão (DMN) .

A redução da atividade na DMN, que é frequentemente ativa durante o pensamento distraído e autocrítico, está associada a uma diminuição nos sintomas de ansiedade e depressão. Isso indica que a meditação pode ajudar a acalmar a mente e reduzir o estresse, promovendo um estado mental mais focado e tranquilo.

Além das mudanças estruturais, a meditação também provoca modificações funcionais significativas:

  1. Conectividade Funcional: Meditadores demonstram uma conectividade funcional aprimorada entre as redes de atenção e controle executivo, o que facilita uma melhor regulação dos pensamentos e emoções (Fox et al., 2016).
  2. Atividade da Rede de Modo Padrão (DMN): A meditação reduz a atividade na DMN, associada a pensamentos auto-referenciais e ruminação, promovendo um estado de consciência mais presente e menos centrado no ego (Brewer et al., 2011).

Benefícios para a Saúde Mental e Física

Os benefícios da meditação vão além das mudanças cerebrais. A prática regular tem sido associada a uma variedade de benefícios para a saúde mental, incluindo a redução da ansiedade, depressão e estresse. 

Um estudo publicado na revista JAMA Internal Medicine mostrou que programas de meditação mindfulness podem ser tão eficazes quanto antidepressivos para alguns indivíduos com transtornos de ansiedade e depressão .

Além disso, a meditação tem efeitos positivos na saúde física. Pesquisas indicam que a meditação pode diminuir a pressão arterial, melhorar a função imunológica e reduzir a inflamação no corpo . Esses efeitos são particularmente importantes, pois a inflamação crônica está ligada a várias condições de saúde, incluindo doenças cardiovasculares e diabetes.

Promoção do Autoconhecimento e da Consciência

A meditação também desempenha um papel crucial na promoção do autoconhecimento e da consciência. Ao treinar a mente para focar no presente momento e observar os pensamentos e sentimentos sem julgamento, os praticantes de meditação desenvolvem uma maior autoconsciência. Isso pode levar a uma melhor compreensão das próprias emoções e padrões de pensamento, facilitando a autorregulação emocional e a resiliência.

Assim como, a prática regular de meditação, pode ajudar a cultivar uma sensação de conexão com os outros e com o mundo ao redor. Essa conexão pode promover sentimentos de compaixão e empatia, melhorando as relações interpessoais e o bem-estar geral.

A meditação oferece uma abordagem poderosa e acessível para melhorar a saúde mental e física, promovendo mudanças benéficas na estrutura e funcionamento do cérebro.

As evidências científicas sugerem que a prática regular pode levar a uma maior autoconsciência e resiliência emocional, contribuindo para uma vida mais equilibrada e satisfatória. 

À medida que a pesquisa continua a explorar os mecanismos subjacentes a esses benefícios, a meditação se solidifica como uma ferramenta valiosa para o autoconhecimento e a consciência.

Referências

  • Brewer, J. A., Worhunsky, P. D., Gray, J. R., Tang, Y. Y., Weber, J., & Kober, H. (2011). Meditation experience is associated with differences in default mode network activity and connectivity. Proceedings of the National Academy of Sciences, 108(50), 20254-20259.
  • Chiesa, A., & Serretti, A. (2009). Mindfulness-based stress reduction for stress management in healthy people: a review and meta-analysis. Journal of Alternative and Complementary Medicine, 15(5), 593-600.
  • Davidson, R. J., Kabat-Zinn, J., Schumacher, J., Rosenkranz, M., Muller, D., Santorelli, S. F., … & Sheridan, J. F. (2003). Alterations in brain and immune function produced by mindfulness meditation. Psychosomatic Medicine, 65(4), 564-570.
  • Fox, K. C., Nijeboer, S., Dixon, M. L., Floman, J. L., Ellamil, M., Rumak, S. P., … & Christoff, K. (2016). Is meditation associated with altered brain structure? A systematic review and meta-analysis of morphometric neuroimaging in meditation practitioners. Neuroscience & Biobehavioral Reviews, 43, 48-73.
  • Hölzel, B. K., Carmody, J., Vangel, M., Congleton, C., Yerramsetti, S. M., Gard, T., & Lazar, S. W. (2011). Mindfulness practice leads to increases in regional brain gray matter density. Psychiatry Research: Neuroimaging, 191(1), 36-43.
  • Lazar, S. W., Kerr, C. E., Wasserman, R. H., Gray, J. R., Greve, D. N., Treadway, M. T., … & Fischl, B. (2005). Meditation experience is associated with increased cortical thickness. NeuroReport, 16(17), 1893-1897.
  • Rusch, H. L., Rosario, M., Levison, L. M., Olivera, A., Livingston, W. S., Wu, T., … & Gill, J. M. (2021). The effect of mindfulness meditation on sleep quality: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Annals of the New York Academy of Sciences, 1482(1), 89-105.
  • Taren, A. A., Creswell, J. D., & Gianaros, P. J. (2013). Dispositional mindfulness co-varies with smaller amygdala and caudate volumes in community adults. PLoS One, 8(5), e64574.
  • Weng, H. Y., Fox, A. S., Shackman, A. J., Stodola, D. E., Caldwell, J. Z., Olson, M. C., … & Davidson, R. J. (2013). Compassion training alters altruism and neural responses to suffering. Psychological Science, 24(7), 1171-1180.

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