Câmara hiperbárica: Para que serve e valor do tratamento

A câmara hiperbárica é um equipamento utilizado na medicina hiperbárica, uma terapia que utiliza o oxigênio a uma pressão maior que a atmosférica para tratar uma variedade de condições médicas. 

Este tratamento é conhecido como oxigenoterapia hiperbárica (OHB) e tem ganhado destaque por sua eficácia em acelerar a recuperação e promover a cicatrização em diversos contextos.

O que é a câmara hiperbárica?

A câmara hiperbárica é um ambiente fechado, normalmente cilíndrico, onde o paciente é submetido a uma pressão superior à pressão atmosférica normal, respirando oxigênio puro ou quase puro. Existem dois tipos de câmaras:

  1. Monoplace: projetada para um único paciente.
  2. Multiplace: acomoda várias pessoas ao mesmo tempo, com os pacientes respirando oxigênio através de máscaras ou capacetes.

Para que serve?

A terapia com câmara hiperbárica tem diversas indicações, principalmente para situações em que os tecidos do corpo estão privados de oxigênio. O objetivo é aumentar a quantidade de oxigênio no sangue, promovendo a cicatrização e combatendo infecções. Entre as principais condições tratadas estão:

  1. Feridas crônicas e complicadas: como úlceras diabéticas que não cicatrizam com tratamento convencional.
  2. Queimaduras graves: a oxigenoterapia ajuda na cicatrização de queimaduras profundas.
  3. Osteomielite: uma infecção óssea persistente que pode se beneficiar do aumento de oxigênio nos tecidos.
  4. Embolia gasosa: situação em que bolhas de ar entram na circulação, muitas vezes após mergulhos em profundidade.
  5. Intoxicação por monóxido de carbono: ajuda a eliminar o gás tóxico mais rapidamente do corpo.
  6. Lesões por radioterapia: radiação pode causar danos aos tecidos que não cicatrizam bem, e a câmara hiperbárica acelera a recuperação.
  7. Gangrena gasosa: infecção grave que pode destruir tecidos, onde a oxigenoterapia combate a infecção e ajuda na regeneração.

Como funciona?

Durante o tratamento, o paciente é colocado na câmara, onde o ar é comprimido até atingir pressões maiores que a normal (geralmente entre 1,5 a 3 vezes a pressão atmosférica). O paciente respira oxigênio puro ou quase puro, o que eleva os níveis de oxigênio no sangue. Esse oxigênio extra é transportado para áreas do corpo onde o fluxo sanguíneo está comprometido, estimulando a formação de novos vasos sanguíneos, combatendo infecções e promovendo a regeneração dos tecidos danificados.

Valor do tratamento

O custo de uma sessão de oxigenoterapia hiperbárica pode variar amplamente, dependendo da clínica, da localização e da condição a ser tratada. Em média, cada sessão custa entre R$ 300 e R$ 1.500 no Brasil. É comum que o tratamento completo envolva várias sessões (geralmente entre 20 e 40), o que pode elevar o custo total. Alguns planos de saúde podem cobrir o tratamento, especialmente quando indicado para condições aprovadas.

Quais são os riscos?

Apesar dos benefícios, a terapia hiperbárica não está isenta de riscos, que incluem:

  • Barotrauma: lesão causada pela pressão nos ouvidos, seios da face ou pulmões, semelhante à sensação de desconforto ao voar ou mergulhar.
  • Miopia transitória: pode ocorrer em alguns pacientes, devido à mudança na pressão do oxigênio.
  • Toxicidade do oxigênio: em níveis muito elevados, o oxigênio pode ser tóxico e causar convulsões.
  • Claustrofobia: algumas pessoas podem se sentir desconfortáveis em câmaras fechadas, especialmente nas monoplace.

Antes e depois do tratamento

Antes:

  • O paciente passa por uma avaliação médica completa para verificar se a oxigenoterapia hiperbárica é adequada para a sua condição.
  • É importante evitar o uso de produtos inflamáveis, como cosméticos ou cremes à base de petróleo, para minimizar o risco de combustão dentro da câmara.
  • Alguns médicos recomendam evitar o consumo de alimentos que podem causar gases, pois a mudança na pressão pode agravar desconfortos.

Depois:

  • Após a sessão, o paciente pode sentir cansaço ou leves tonturas, que tendem a desaparecer rapidamente.
  • Em alguns casos, é necessário realizar sessões diárias ou quase diárias, dependendo da condição tratada e da resposta ao tratamento.

Contraindicações

A câmara hiperbárica não é recomendada para todos. Algumas contraindicações incluem:

  • Pneumotórax não tratado: uma condição em que o ar se acumula ao redor dos pulmões, o que pode ser agravado pela pressão.
  • Doenças respiratórias graves: como enfisema com retenção de dióxido de carbono.
  • Uso recente de certos medicamentos: como quimioterápicos que podem aumentar o risco de toxicidade ao oxigênio.
  • Infecções virais ativas: como resfriados ou gripe, que podem ser exacerbadas pelas mudanças de pressão.

É oferecido pelo SUS?

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a oxigenoterapia hiperbárica para algumas condições específicas, como lesões por radioterapia, feridas crônicas em pacientes diabéticos e intoxicação por monóxido de carbono. No entanto, o acesso ao tratamento pelo SUS pode ser limitado, dependendo da região e da disponibilidade do equipamento. Muitos pacientes acabam recorrendo a clínicas privadas para obter o tratamento de forma mais rápida.

A câmara hiperbárica é uma ferramenta valiosa no tratamento de diversas condições médicas, especialmente aquelas que envolvem a cicatrização de tecidos danificados ou privados de oxigênio. Embora eficaz, o tratamento deve ser indicado por um médico e realizado sob supervisão rigorosa para minimizar riscos. 

Com a popularização e avanços na medicina hiperbárica, cada vez mais pessoas podem se beneficiar dessa tecnologia, seja através do SUS ou de clínicas particulares.

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