A câmara hiperbárica é um equipamento utilizado na medicina hiperbárica, uma terapia que utiliza o oxigênio a uma pressão maior que a atmosférica para tratar uma variedade de condições médicas.
Este tratamento é conhecido como oxigenoterapia hiperbárica (OHB) e tem ganhado destaque por sua eficácia em acelerar a recuperação e promover a cicatrização em diversos contextos.
O que é a câmara hiperbárica?
A câmara hiperbárica é um ambiente fechado, normalmente cilíndrico, onde o paciente é submetido a uma pressão superior à pressão atmosférica normal, respirando oxigênio puro ou quase puro. Existem dois tipos de câmaras:
- Monoplace: projetada para um único paciente.
- Multiplace: acomoda várias pessoas ao mesmo tempo, com os pacientes respirando oxigênio através de máscaras ou capacetes.
Para que serve?
A terapia com câmara hiperbárica tem diversas indicações, principalmente para situações em que os tecidos do corpo estão privados de oxigênio. O objetivo é aumentar a quantidade de oxigênio no sangue, promovendo a cicatrização e combatendo infecções. Entre as principais condições tratadas estão:
- Feridas crônicas e complicadas: como úlceras diabéticas que não cicatrizam com tratamento convencional.
- Queimaduras graves: a oxigenoterapia ajuda na cicatrização de queimaduras profundas.
- Osteomielite: uma infecção óssea persistente que pode se beneficiar do aumento de oxigênio nos tecidos.
- Embolia gasosa: situação em que bolhas de ar entram na circulação, muitas vezes após mergulhos em profundidade.
- Intoxicação por monóxido de carbono: ajuda a eliminar o gás tóxico mais rapidamente do corpo.
- Lesões por radioterapia: radiação pode causar danos aos tecidos que não cicatrizam bem, e a câmara hiperbárica acelera a recuperação.
- Gangrena gasosa: infecção grave que pode destruir tecidos, onde a oxigenoterapia combate a infecção e ajuda na regeneração.
Como funciona?
Durante o tratamento, o paciente é colocado na câmara, onde o ar é comprimido até atingir pressões maiores que a normal (geralmente entre 1,5 a 3 vezes a pressão atmosférica). O paciente respira oxigênio puro ou quase puro, o que eleva os níveis de oxigênio no sangue. Esse oxigênio extra é transportado para áreas do corpo onde o fluxo sanguíneo está comprometido, estimulando a formação de novos vasos sanguíneos, combatendo infecções e promovendo a regeneração dos tecidos danificados.
Valor do tratamento
O custo de uma sessão de oxigenoterapia hiperbárica pode variar amplamente, dependendo da clínica, da localização e da condição a ser tratada. Em média, cada sessão custa entre R$ 300 e R$ 1.500 no Brasil. É comum que o tratamento completo envolva várias sessões (geralmente entre 20 e 40), o que pode elevar o custo total. Alguns planos de saúde podem cobrir o tratamento, especialmente quando indicado para condições aprovadas.
Quais são os riscos?
Apesar dos benefícios, a terapia hiperbárica não está isenta de riscos, que incluem:
- Barotrauma: lesão causada pela pressão nos ouvidos, seios da face ou pulmões, semelhante à sensação de desconforto ao voar ou mergulhar.
- Miopia transitória: pode ocorrer em alguns pacientes, devido à mudança na pressão do oxigênio.
- Toxicidade do oxigênio: em níveis muito elevados, o oxigênio pode ser tóxico e causar convulsões.
- Claustrofobia: algumas pessoas podem se sentir desconfortáveis em câmaras fechadas, especialmente nas monoplace.
Antes e depois do tratamento
Antes:
- O paciente passa por uma avaliação médica completa para verificar se a oxigenoterapia hiperbárica é adequada para a sua condição.
- É importante evitar o uso de produtos inflamáveis, como cosméticos ou cremes à base de petróleo, para minimizar o risco de combustão dentro da câmara.
- Alguns médicos recomendam evitar o consumo de alimentos que podem causar gases, pois a mudança na pressão pode agravar desconfortos.
Depois:
- Após a sessão, o paciente pode sentir cansaço ou leves tonturas, que tendem a desaparecer rapidamente.
- Em alguns casos, é necessário realizar sessões diárias ou quase diárias, dependendo da condição tratada e da resposta ao tratamento.
Contraindicações
A câmara hiperbárica não é recomendada para todos. Algumas contraindicações incluem:
- Pneumotórax não tratado: uma condição em que o ar se acumula ao redor dos pulmões, o que pode ser agravado pela pressão.
- Doenças respiratórias graves: como enfisema com retenção de dióxido de carbono.
- Uso recente de certos medicamentos: como quimioterápicos que podem aumentar o risco de toxicidade ao oxigênio.
- Infecções virais ativas: como resfriados ou gripe, que podem ser exacerbadas pelas mudanças de pressão.
É oferecido pelo SUS?
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a oxigenoterapia hiperbárica para algumas condições específicas, como lesões por radioterapia, feridas crônicas em pacientes diabéticos e intoxicação por monóxido de carbono. No entanto, o acesso ao tratamento pelo SUS pode ser limitado, dependendo da região e da disponibilidade do equipamento. Muitos pacientes acabam recorrendo a clínicas privadas para obter o tratamento de forma mais rápida.
A câmara hiperbárica é uma ferramenta valiosa no tratamento de diversas condições médicas, especialmente aquelas que envolvem a cicatrização de tecidos danificados ou privados de oxigênio. Embora eficaz, o tratamento deve ser indicado por um médico e realizado sob supervisão rigorosa para minimizar riscos.
Com a popularização e avanços na medicina hiperbárica, cada vez mais pessoas podem se beneficiar dessa tecnologia, seja através do SUS ou de clínicas particulares.
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