Saúde

Mucormicose: entenda a infecção

A mucormicose tem sido muito noticiada nas últimas semanas por causa dos casos associados a Covid-19 na Índia. Mediante ao fato que nos hospitais, na Índia,  estão percebendo um aumento alarmante de infecção por ‘fungo negro’, que pode causar cegueira ou morte nos pacientes tratados para coronavírus.

Milhares de casos foram registrados entre pacientes que se recuperaram de covid-19 ou que estavam em processo de recuperação. Portanto, existe uma relação entre a doença e a pandemia de coronavírus.

Os médicos afirmam que a relação está nos esteroides usados ​​para tratar a doença. Diabéticos correm risco maior de sofrer de mucormicose.

O que é mucormicose

Mucormicose é uma infecção pelo fungo Rhizopus spp. invasiva, inicialmente nos seios paranasais e que, frequentemente, progride para órbita e cérebro. Pode ser encontrado naturalmente no ambiente, principalmente em vegetação, solo, frutos e em produtos em decomposição, podendo levar ao aparecimento de sintomas após esporos desse fungo serem inalados.

Ela pode afetar as cavidades sinusais, cérebro ou pulmões sendo os principais sintomas edema de face unilateral, febre, cefaléia, congestão sinusal ou nasal, lesões negras na ponte nasal ou no teto da cavidade oral. Usualmente, associada a pior prognóstico e, quase exclusivamente, observada em pacientes imunodeprimidos.

A mucormicose é uma infecção oportunista e fulminante, que acomete, principalmente, hospedeiros debilitados ou imunodeprimidos, sendo muito rara em indivíduos saudáveis.

Sintomas

Os sintomas de mucormicose são mais frequentes em pessoas que possuem o sistema imunológico mais comprometido, podendo ser notada dor de cabeça, febre, secreção nos olhos e no nariz vermelhidão no rosto e, nos casos mais graves em que o fungo atinge o cérebro, pode também haver convulsões e perda de consciência. De forma geral, os principais sinais e sintomas de mucormicose são:

  • Nariz entupido;
  • Dor nas maçãs do rosto;
  • Perda da cartilagem do nariz, nos casos mais graves;
  • Secreção nasal tom esverdeado;
  • Dificuldade para enxergar;
  • Tosse com catarro ou com sangue;
  • Dor no peito;
  • Dificuldade para respirar;
  • Convulsão;
  • Perda da consciência;
  • Dificuldade para falar.
  • Necrose de tecidos (que ganham um tom escuro, por isso o apelido “fungo negro”)

Os sintomas mais comuns da mucormicose que o oftalmologista deve estar atento são o edema palpebral, dor orbitária, ptose palpebral, protrusão ocular, restrições de mobilidade ocular, visão dupla e perda visual súbita. Esses podem estar associados a outros sintomas como a dor dentária, secreção nasal e sangramento, parestesia facial e paralisia. 

Relação entre mucormicose Covid-19

Os casos graves da Covid causam uma inflamação muito intensa, deixando o organismo muito deprimido. Além disso, o único tratamento científico para a Covid é com grandes quantidades de corticoide, que leva a queda da imunidade, favorecendo a infecção pelos fungos

Contágio 

A mucormicose não é contagiosa entre pessoas ou animais. O fungo só se desenvolve em pacientes com as condições certas no corpo, como diabetes ou imunossupressão causada por outras doenças.

No entanto, como ele se espalha por esporos de fungos presentes no ar ou no ambiente, é quase impossível evitá-lo.

Diagnóstico

O diagnóstico da mucormicose é feito por um clínico geral ou infectologista através da tomografia computadorizada e cultura de fungos e o tratamento normalmente é feito com o uso de medicamentos antifúngicos injetáveis ou de via oral, como a Anfotericina B.

O diagnóstico é realizado principalmente através de amostra de tecidos acometidos pela mucormicose e, como os seios da face são de fácil acesso, a possibilidade de diagnóstico com amostra desses locais é maior. 

Em alguns casos, o médico pode ainda solicitar a realização de exame molecular, como a PCR, para identificar a espécie de fungo e, dependendo da técnica utilizada, a quantidade presente no organismo, e ressonância magnética para investigar se a mucormicose atingiu as estruturas do cérebro, por exemplo. Esses exames devem ser feitos o quanto antes, pois quanto mais rápido for feito o diagnóstico, mais chances existem de eliminar a infecção.

Tratamento

O tratamento para mucormicose deve ser feito rapidamente, assim que a doença for diagnosticada, para que as chances de cura sejam maiores e deve ser feito de acordo com a recomendação do médico, podendo ser indicado o uso de antifúngicos diretamente na veia, como a Anfotericina B, ou o Posaconazol, por exemplo. É importante que os remédios sejam usados de acordo com a recomendação médica e que o tratamento seja interrompido mesmo que não existam mais sintomas.

Além disso, o tratamento cirúrgico dos tecidos acometidos e a terapia antifúngica, assim como a reversão de fatores predisponentes como a diabetes melito e a cetoacidose diabética. Os atrasos na administração de terapia antifúngica sistêmica aumentam a probabilidade de morte do paciente por infecção disseminada. 

Considerações

É necessário educar os pacientes sobre higiene das mãos e do ambiente, evitar contato com superfícies sujas e usar máscaras para evitar a contaminação por esporos. Os pacientes pós Covid-19 e diabéticos devem ter cuidado ainda maior.

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