A malária, dentre as doenças transmissíveis, é hoje o principal problema brasileiro. Nos últimos anos vem sendo muito alta a velocidade de crescimento de sua taxa de incidência, acompanhando, aliás, uma tendência internacional.
É uma doença parasitária que pode ter evolução rápida e ser grave. Ela pode ser provocada por quatro protozoários do gênero Plasmodium: Plasmodium vivax, P. falciparum, P. malariae e P. ovale. No Brasil, somente os três primeiros estão presentes, sendo o P. vivax e o P. falciparum as espécies predominantes.
O que é
A malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles. É uma doença endêmica em regiões tropicais e subtropicais devido à chuva abundante, temperatura quente e grande quantidade de água estagnada, o que proporciona habitats ideais para as larvas do mosquito.
Transmissão
O ciclo de vida do parasita da malária começa quando um mosquito fêmea pica uma pessoa com malária. O mosquito ingere sangue que contém células reprodutoras dos parasitas. Uma vez dentro do mosquito, o parasita se reproduz, se desenvolve e migra para as suas glândulas salivares do mosquito.
Quando o mosquito pica outra pessoa, injeta parasitas juntamente com a sua saliva. Dentro da pessoa recém-infectada, os parasitas se movem para o fígado, onde se multiplicam novamente. Eles geralmente maturam uma média de 1 a 3 semanas, depois saem do fígado e invadem os glóbulos vermelhos do sangue da pessoa. Os parasitas se multiplicam novamente dentro dos glóbulos vermelhos do sangue, causando a ruptura das células infectadas, liberando os parasitas para invadirem outros glóbulos vermelhos.
Sintomas
Os sinais e sintomas da malária manifestam-se geralmente entre 8 a 25 dias após a infecção.
Entre os sinais incluem-se:
- dores de cabeça,
- febre,
- calafrios,
- dores nas articulações,
- vômitos,
- anemia hemolítica,
- icterícia,
- hemoglobina na urina,
- lesões na retina e convulsões.
O sintoma clássico da malária são ataques paroxísticos, a ocorrência cíclica de uma sensação súbita de frio intenso seguida por calafrios e posteriormente por febre e sudação. Estes sintomas ocorrem a cada dois dias em infecções por P. vivax e P. ovale e a cada três dias em infecções por P. malariae. A infecção por P. falciparum pode provocar febre recorrente a cada 36-48 horas ou febre menos aguda, mas contínua.
As gestantes, as crianças e as pessoas infectadas pela primeira vez estão sujeitas a maior gravidade da doença, principalmente por infecções pelo P. falciparum, que, se não tratadas adequadamente e em tempo hábil, podem ser letais.
Diagnóstico
A malária é uma doença que tem cura, mas pode evoluir para suas formas graves em poucos dias se não for diagnosticada e tratada rapidamente, principalmente a causada pelo P. falciparum, que deve ser sempre considerada como uma emergência médica.
O diagnóstico da malária é feito rapidamente por meio do teste da tira reagente ou por meio da observação do parasita em microscópio em uma amostra de sangue. Entretanto, testes rápidos nem sempre estão disponíveis, microscópios não são sempre efetivos e, por isso, diagnósticos baseados em sintomas ainda são comuns em grande parte do mundo em desenvolvimento.
O diagnóstico e o tratamento tardios podem resultar no agravamento da doença com quadros de anemia grave, insuficiência renal e hepática e coma, dentre outras complicações clínicas. Praticamente, todos os órgãos e sistemas podem ser comprometidos. Crianças, mulheres grávidas, pessoas idosas ou debilitadas por outras doenças (infecciosas ou não infecciosas) são mais vulneráveis. Entretanto, qualquer pessoa que esteja se infectando pela primeira vez pode desenvolver quadros de malária grave.
Tratamento
Após a confirmação da malária, o paciente recebe o tratamento em regime ambulatorial, com comprimidos que são fornecidos gratuitamente em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Somente os casos graves deverão ser hospitalizados de imediato.
Existem diversos fármacos disponíveis para a prevenção de malária em viajantes que se desloquem para regiões onde a malária é endêmica. Muitos destes medicamentos são também usados no tratamento da doença. Nos casos em que o parasita ainda seja sensível, pode ser usada cloroquina. No entanto, a maior parte dos Plasmodium é resistente a um ou mais fármacos, pelo que geralmente é necessário recorrer a outros remédios ou a combinações entre fármacos. Entre estes estão a mefloquina, doxiciclina (disponível em genéricos).
O tratamento mais eficiente para malária é uma terapia combinada à base de artemisinina (ACTs, em inglês). A terapia tem baixo nível de toxicidade, poucos efeitos colaterais e age rapidamente contra o parasita.
A quinina combinada com o antibiótico doxiciclina ou às vezes com clindamicina já foi amplamente usada, mas os medicamentos arteméter-lumefantrina e atovaquona-proguanil têm menos efeitos colaterais. Essas combinações de medicamentos substituíram em grande parte os tratamentos que envolvem quinino.
Prevenção
O controle do vetor, que é o mosquito, é a principal estratégia para reduzir a transmissão da malária, além do fornecimento de medicamentos para as infecções. É possível garantir proteção às comunidades com uma cobertura alta dessa estratégia. A Organização Mundial da Saúde recomenda dois tipos de controle efetivos: dormir sob mosquiteiros tratados com inseticida e pulverizar as paredes internas das residências também com inseticida. Em algumas circunstâncias específicas, é possível complementar a estratégia com o manejo da fonte de larvas e outras ações que reduzam os focos de mosquitos e suas picadas em humanos.
O atendimento, o diagnóstico e o tratamento na rede pública de saúde no Brasil são eficazes e gratuitos. As medidas de proteção individual são as formas mais efetivas de prevenção, considerando-se que ainda não existe uma vacina disponível contra a malária.
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